20/06/2017

Filme: Palmeras en la nieve, uma superprodução espanhola

Título original: Palmeras em la nieve
Diretor: Fernando Gonzáles Molina 
Gênero: Drama / Romance
Lançamento: 2015
Roteiro: Sérgio G. Sanchez
Música: Luiz Vidal
Fotografia: Xavi Giménez
Duração: 2h 43m
Elenco Principal: Mario Casas, Adriana Ugarte, Berta Vásquez, Macarena García, Emilio Gutiérrez Caba, Alain Hernández, Celso Bugallo, 
Classificação: Não recomendado para menores de 18 anos 


– Como elas encontram o caminho?
– Nunca esquecemos nossa origem!

Palmeras em la nieve é uma viagem histórica, que apesar das adaptações para a ficção, foi construída através de recordações reais de pessoas que viveram na época da colonização da Guiné Equatorial pela Espanha. 
Antes de tornar-se uma obra cinematográfica, fez sucesso na literatura, tendo Luz Gabás como autora.
Gabás, narra a experiência de seu pai quando aos 24 anos de idade, foi trabalhar na plantação de cacau em Sampaka, na ilha de Fernando Poo, Guiné Equatorial, África do Sul. 
Palmeras em la nieve é um romance muito sensível, com cenas alternando entre passado e presente, interpretadas por atores que a meu ver, possuem elevada qualidade profissional. 
Do elenco, destaco a brilhante atuação do ator Mario Casas e a caracterização de seu personagem para a passagem do tempo. 

“Meu corpo não é intocado, mas meu coração sim. Eu o entreguei a você.”

Todas as histórias de amor são clichês. O que vai definir se a história contada vale à pena, é a forma de como ela é contada. O amor proibido entre Kilian e Bisila e suas diferenças culturais, não são temas originais, vários romances já abordaram temáticas semelhantes, mas a maneira efêmera e intensa de como os dois se apaixonam é o que enternece.
É um filme especial, sobretudo por não abordar unicamente a questão do romance entre Bisila e Kilian, mas por abordar assuntos como a exploração do trabalho, as diferenças culturais e sociais, fazer denúncias sobre a situação social, da época histórica da colonização e também abordar o machismo de forma sutil, entre outros temas. O filme é rico justamente por enfatizar temas transversais.

– Vocês fazem o que querem e não são julgados. Nós temos que esperá-los cansar das folias... E voltem para ter uma esposa fiel em casa, porque há um nome para as mulheres que se comportam como vocês. E se eu me envolvesse com alguém a cada fim de semana? 

Na tribo de Bisila o único casamento válido é aquele onde o homem compra a virgindade da mulher, o qual ela deve ser sempre fiel ao marido e onde o marido nunca deve abandonar sua esposa, apesar das muitas outras que ele venha ter.

“Ela deve ser fiel ao marido como a areia na praia, que só é banhada por um oceano.”

Clarence (Adriana Ugarte) e Iniko (Djedje Apali)

Anos mais tarde a jovem Clarence, filha do irmão de Kilian, vai em busca de tentar compreender a história do passado de sua família e descobre histórias cheias de turbulências e que ainda traz dolorosas lembranças ao povo de Bioko (nome atual de Fernando Poo).
Embora a qualidade técnica da superprodução tenha sido enfatizada de forma unânime, o filme recebeu duras críticas por diversos sentidos. Na verdade há divergências comuns entre as opiniões sobre as atuações do elenco, roteiro, linguagem, mas as críticas mais apontadas foram a falta de mais elementos sobre a colonização, o fato do filme ser muito extenso, o foco no romance e a qualidade expressiva do ator principal. 
A negatividade das criticas ressaltam exatamente aquilo que todo mundo já sabe: O livro é muito mais completo que o filme. E acreditam que toda essa superprodução poderia ser melhor aproveitada.
Bem, acredito que há uma contradição entre as críticas pelo filme ser longo e por ele não abordar mais profundamente as questões mais reais da época da colonização. Afinal, como realizar um filme baseado em um romance de pouco mais de 700 páginas e ainda desejar que ele seja a cópia fiel do livro, mas sem que fique extenso?
Entendo que romances não fazem o gosto da maioria das pessoas, no entanto, mesmo que a história fosse impecavelmente bem contada, ainda seria criticada pelo fato do ator Mario Casas ser mundialmente conhecido por seu trabalho no romance juvenil “Três metros sobre o céu”, e "Tengo ganas de ti", também dirigido por Molina. Sendo assim, por melhor que ele fosse, ainda sim sua atuação seria estigmatizada.
Na minha opinião, os filhos de Bisila não convencem na idade. Essa parte ficou sim muito mal formulada. E também por não deixar claro qual o final que se destinou à sua personagem, entre outros pontos que como todo bom filme, ficam um pouco soltas, embora não comprometam à sua qualidade. No mais, é um filme muito belo e emocionante. 
Abaixo você pode conferir a música original gravada por Pablo Aborán e que foi vencedora do prêmio Goya 2015 e conferir algumas imagens do filme:




– Mais cedo ou mais tarde eles voltarão para nos pegar, não vão permitir que fiquemos juntos.
– Talvez não nos deixem viver juntos, mas nada irá nos separar.